
Cemitério tem telemarketing com 60 pessoas
À primeira vista, pode parecer um aviso aos apressadinhos no trânsito. ''Não tenha pressa, mas quando for vá de primeira.'' O anúncio em cada um dos 25 carros da frota do Cemitério Vertical tem outro objetivo. ''Usamos esse slogan para quebrar a idéia de que cemitério é triste. Com a comédia, rompemos a barreira'', explica Carlos Alberto Camargo, o diretor comercial da empresa. O slogan foi criado por seu sócio Nelson Fernandes e é utilizado desde a época da fundação, em 1989. ''Não somos publicitários. É algo do instinto mesmo'', comenta o diretor.Camargo gerencia uma equipe de 60 pessoas no telemarketing. Quando entram, os operadores passam por um curso para saber o que e como falar. O público alvo é a partir dos 40 anos, mas as chamadas não são aleatórias. Como em outros tele-atendimentos, a equipe de Camargo liga para pessoas indicadas por amigos ou familiares que já são clientes. ''E como ligamos em nome de alguém, não é o cemitério que bate na porta.''Um terceiro modo de chegar até o cliente é pelo PAP, o porta em porta. Porta aberta, os vendedores logo soltam a primeira fala. ''Responda se souber e se souber ganhe um brinde.'' Um papel com uma questão de múltipla escolha é entregue ao dono da casa em que opções para colocar o 'x' são duas. ''No Cemitério Vertical, os corpos são sepultados em pé ou deitados?'' Na ficha, também há espaço para colocar dados pessoais e um número de telefone. Na seqüência, um atendente entra em contato para combinar a entrega do brinde e oferece os serviços da empresa. A pergunta também circula a cidade em um pequeno caminhão, que ajuda a propagandear o conceito.O Cemitério Vertical oferece um plano de assistência funerária familiar, que custa a partir de R$ 1.650, divididos em 36 vezes. Depois, se paga uma mensalidade de manutenção. ''Mas pode ser muito mais caro. Fazemos um cálculo atuarial, em que levamos em conta a idade dos envolvidos e de quanto vai custar o seu funeral.'' (R.U.)
Entre a ironia e o chavão
Ernani Buchmann, há 35 anos no mercado publicitário, nunca trabalhou em uma campanha de lançamento de cemitério ou de alguma empresa que ofereça serviços de assistência funeral. ''Só não aceitaria permuta. Iria querer receber à vista'', brinca. O publicitário diz que em Curitiba pouca gente já desenvolveu esse tipo de comunicação, por ser um mercado restrito e que anuncia muito pouco. ''E, em geral, o que se faz é de mau gosto.''Alessandra Nogueira Saltori, diretora de criação da Ideale Comunicação e Design, teve a primeira experiência há pouco tempo, quando foi contatada pelo Crematorium Metropolitan. ''É um produto que é difícil não cair na ironia ou no chavão. Resolvemos puxar para o lado vendedor sem que a propaganda se tornasse agressiva.''O spot, que está circulando em uma rádio da capital, finaliza com o slogan ''Tranqüilidade para quem fica'', que foi bem recebido pela direção da empresa. ''Pois o meu produto não é xampu ou celular, que são positivos e que permitem o uso de promoções. O meu produto é negativo e exige uma sutileza. Eu não posso anunciar uma promoção de lote até 31 de julho pela metade do preço'', completa Andrei Matzenbacher, diretor da empresa. (R.U.)
Urna ecológica
Se você já teve um filho e escreveu um livro, pode ficar tranqüilo, deixando a árvore sob responsabilidade dos descendentes. À venda na Funerária Paranaense, a urna ecológica, feita de fibras orgânicas, é biodegradável. Ela acompanha terra e sementes de árvores que dão flores.Após a cremação, basta colocar as cinzas (que em geral chegam de 1,5 a 2 quilos) com a terra e as sementes e plantar a urna. Há dois tamanhos: pequeno (R$ 350) e grande (R$ 450). Se preferir deixar as cinzas na estante, uma urna de madeira em formato de enciclopédia sai por R$ 850. (R.U.)
Slogans
''A solução moderna para um velho problema'', do Jardim da Saudade, em 1969, quando introduziu o conceito de cemitérios-parque
''Tranqüilidade para quem fica'', do Crematorium Metropolitan, em spot que está sendo veiculado nas rádios
''Respeito ao ser humano e à natureza'', do Cemitério Ecológico Jardim daColina, divulgado nos automóveis da empresa
''Não tenha pressa, mas quando for vá de primeira'', do Cemitério Vertical, usado desde sua criação em 1989 (R.U.)
* Reportagem originalmente publicada no Caderno Curitiba do jornal Folha de Londrina, do dia 03/07/2008.
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