quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Somos calçadeiras - Blog Madia

"Não temos que ser as pedras nos sapatos e sim as calçadeiras."

Abaixo texto extraido do blog do MADIA. Bem interessante para repensarmos as estratégias que todos fazemos, todos os dias. Se não pensar no detalhe de nada a propaganda vai adiantar.


A NIKE NÃO TEM CALÇADEIRA


Sábado de manhã, Shopping Higienópolis, cidade de São Paulo. Depois de treinar por uma hora na BIO RITMO dou uma passadinha na loja da NIKE em busca de um novo tênis para “training”.

Movimento ainda fraco, 11 horas da manhã, entro na loja e sou muito bem recebido. Considerando que nos shopping centers existem muitas lojas de calçados pergunto ao vendedor porque deveria comprar um tênis eventualmente da NIKE na loja da NIKE e não numa das outras lojas. E ele rapidamente me diz que as lojas da NIKE recebem o lançamento antes das demais lojas, e ainda dispõem de alguns modelos em condição de exclusividade. Dito isso, comecei a caminhar pela loja em busca de um novo tênis para meus exercícios diários. E acabei encontrando. Tamanho 44, ou, 12 pelos padrões internacionais.

Cinco minutos depois chega o atencioso vendedor, tira o tênis da caixa, para que eu pudesse experimentar. Nesse exato momento pedi por uma calçadeira – isso mesmo, aquele objeto em forma de concha que se coloca na parte de trás do pé para facilitar sua inserção no calçado e conforto do cliente. O vendedor pede licença e vai buscar uma calçadeira. E aí passam 10 segundos, 20, 30, 40, 1 minuto, dois, três, e nada... Finalmente depois de 10 minutos volta e diz se poderia ajudar com suas próprias mãos já que a única calçadeira existente na loja tinha sumido.

E aí me lembrei da história da NIKE, de PHIL KNIGHT, dos treinos no campus da UNIVERSIDADE DE OREGON no ano de 1962, em companhia do saudoso medalhista olímpico STEVE PREFONTAINE e de seu técnico BILL BOWERMAN, dos storytellers que se encarregam de disseminar a mística e manter brilhando a chama da MARCA NIKE, das NIKE TOWNS pelo mundo, e muito mais. E o lamentável descuido de não fornecer a todos os atendentes de suas lojas, da mesma forma como acontece com todas as demais e convencionais lojas de calçados, uma prosaica e indispensável calçadeira. UMA PEQUENA E FUNDAMENTAL GENTILEZA QUE AS LOJAS DE CALÇADOS FAZEM PARA AS PESSOAS QUE ENTRAM PARA COMPRAR E EXPERIMENTAM.

Contei esse fato para algumas pessoas e algumas delas me disseram que para experimentar tênis não precisa de calçadeira. Talvez. Assim como não precisa mais abrir as portas e dar passagem para outras pessoas, estender as mãos para uma mulher ou uma pessoa de idade descer de um carro, ou para uma senhora subir ou descer uma escada, dizer bom dia, sorrir, agradecer. Na saída, e diante da situação absolutamente constrangedora, fui pagar pelo tênis e descobri que nas lojas da NIKE não têm sistema de codificação e etiquetas. O vendedor, atordoado, ditou o preço para a caixa: R$ 299; e aí me lembrei de ter visto R$ 229 e fui conferir. E o constrangimento ficou maior porque pura e simplesmente a NIKE não usa um sistema de barras ou códigos que permitam a leitura do preço sem os riscos de uma falha humana.

Como ensinava FLAUBERT, “Deus e o diabo estão nos detalhes”. E esse pequeno detalhe, calçadeira, numa loja que vende calçados, é simplesmente tudo. O gesto de gentileza, carinho, delicadeza, atenção, que se faz a uma pessoa que está prestes a realizar a compra. Se a pessoa não precisar, que não use, mas, ter e oferecer ainda integra o arsenal mínimo da boa educação, do marketing de qualidade.

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